
O italiano Alessandro Petacchi vencendo a Milão-Sanremo de 2005.
Milão-Sanremo ou Milão-San Remo, conhecida como la Classica di Primavera ("a Clássica da Primavera") ou la Classicissima é uma corrida anual de Ciclismo de Estrada entre as cidades de Milão e Sanremo. Esta é a mais longa corrida de um dia do Ciclismo profissional percorrendo uma distância de 298 km. Sua primeira edição aconteceu em 1907 e foi vencida por Lucien Petit-Breton. Hoje ela faz parte das chamadas clássicas monumentais do ciclismo europeu juntamente com Ronde van Vlaanderen, Paris-Roubaix, Liège-Bastogne-Liège e Giro di Lombardia.
A Milão-Sanremo é frequentemente chamada de clássica dos sprinters, enquanto o Giro di Lombardia, sua corrida irmã na Itália que acontece no outono é chamada de clássica dos escaladores.
O ciclista com maior sucesso nesta prova foi Eddy Merckx que obteve a vitória em 7 edições. Este permanece sendo o recorde de vitórias em uma única prova clásica. Em tempos mais recentes, o ciclista alemão Erik Zabel foi o que obteve mais sucesso com quatro vitórias em cinco participações.
História
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Os primeiros anos
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A primeira edição da Milão-Sanremo foi organizada pelo fundador e então diretor da Gazzetta dello Sport Eugenio Costamagna e por seu editor de ciclismo Armando Cougnet e teve início em 14 de abril de 1907. Nesta primeira prova estavam inscritos 62 ciclistas, no entanto, devido às condições climáticas, somente 33 deles se apresentaram na largada e o vencedor foi Lucien Georges Mazan (mais conhecido como Lucien Petit-Breton) que levou onze horas, quatro minutos e quinze segundos para cobrir a distância de 288 km.

Passo del Turchino, decisivo nos primeiros anos da prova.
Em suas primeiras edições a prova era um verdadeiro desafio para os competidores: uma combinação da grande distância envolvida, péssimas estradas e frequente mau tempo transformava a prova, por vezes, em uma luta pela sobrevivência e não pela simples vitória. Em 1910, por exemplo, a prova foi disputada sob neve, que começou a cair quando os competidores passavam pelo Passo del Turchino, a mais de 530 metros de altura. Sua descida era congelante e a estrada estava em condições tão ruins, que os competidores tinham de descer da bicicleta e empurrá-la através da espessa camada de neve que havia se formado. Neste ano, apenas quatro competidores dos cerca de 60 inscritos conseguiram terminar a prova.
A prova não foi disputada em 1916 em função da Primeira Guerra Mundial, e quando voltou a ser disputada em 1917, Constante Girardengo reina quase absoluto, conquistando 6 vitórias, 3 segundas e 2 terceiras colocações em 12 anos, o que levou o então diretor do periódico Gazzetta dello Sport a apelidá-lo de Campioníssimo da História. Sua primeira vitória veio em 1918 de forma arrasadora, após uma escapada antológica de 200 km ele venceu com uma diferença de mais de treze minutos para o seu principal rival Belloni, que terminou em segundo. Philippe Bouvet, Collectif, Philippe Brunel, Pierre Callewaert, Jean-Luc Gatellier (2007), Belles d'un jour: Histoire des grandes classiques, L'EQUIPE, p 116, ISBN
A rivalidade Bartalli x Coppi
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A Milão-Sanremo foi parte importante da rivalidade entre os ciclistas Gino Bartali e Fausto Coppi nos anos 1940. Bartali havia vencido por duas vezes antes que a prova fosse interrompida nos anos de 1944 e 1945 em virtude da Segunda Guerra Mundial. Quando a prova voltou a ser disputada em 1946, tanto Coppi quanto Bartali conquistaram vitórias memoráveis após longas escapadas solitárias. Primeiro foi Coppi, que neste mesmo ano obteve a vitória com uma vantagem de 14 minutos para o segundo colocado. Bartali respondeu no ano seguinte vencendo com uma vantagem de 4 minutos. Em 1948 e 1949 a vitória volta a ser de Coppi por 5 minutos na primeira e 4 minutos na segunda. Bartali ainda ganharia a edição de 1950 em um sprint em massa, após as estradas destruidas pela guerra terem sido reparadas.
A era Merckx
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Em 1960 os organizadores acrescentaram a escalada de 3 km do Poggio na parte final da prova tentando evitar os sprints massivos que passavam a acontecer. Eddy Merckx entendeu o segredo de como vencer a prova e atacava no Poggio, utilizava principalmente sua sinuosa descida, para abrir uma pequena vantagem para o pelotão, porém o suficiente para garantir sua vitória. Com esta estratégia ele venceu quatro dentre as suas sete vitórias.
Edições atuais
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Com a inclusão do Cipressa em 1982, durante a década de 1980 e parte da década de 1990, a vitória sempre era decidida em pequenos grupos de escapados, no entanto, após este período, com raras exceções, o final da prova é decidido com um sprint massivo. Esta situação tem causado críticas. Bobby Julich, ciclista americano que se aposentou em 2008, disse:
Está se tornando uma corrida de 300 km a ser decidida nos últimos 300 m. Eu ficaria surpreso se a Milão-Sanremo voltar a ser vencida individualmente novamente.
Um fato curioso aconteceu em 2004 quando o sprinter alemão Erik Zabel imaginou que já havia vencido a prova e terminou seu sprint antes da linha de chegada, já levantando os seus braços para comemorar, no entanto, Óscar Freire continuou acelerando e acabou por vencer a prova por centímetros.
Percurso
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O fato de ser a mais longa corrida de um dia do ciclismo profissional, torna a Milão-Sanremo um incomum teste de resistência no início da temporada. Ela não é necessariamente vencida pelo sprinter mais rápido, mas sim pelo que melhor se preparou. As escaladas do Cipressa e Poggio enganaram muitos sprinters que não conseguiram se manter no pelotão. Nos primeiros anos, a principal dificuldade era o Passo del Turchino, mas quando o ciclismo começou a se tornar mais profissional, a escalada era distante demais da chegada para ser considerada decisiva. Em 1960, o Poggio di Sanremo, distante apenas alguns quilômetros da chegada foi acrescentado. Em 1982 o Cipressa, próximo a cidade de Imperia passou a fazer parte do percurso. As outras subidas são o Capo Mele, Capo Berta e Capo Cervo. Em 2008 os organizadores também acrescentaram o Le Manie entre o Passo del Turchinho e os capi. O Turchino e o Manie são subidas longas, enquanto os capi, Cipressa e Poggio são mais curtas. Todas as subidas são fáceis e apesar delas, a prova normalmente acaba em um sprint massivo.
Discute-se também a inclusão de uma nova subida, que poderia ser a Pompeiana, entre Cipressa e Poggio, no entanto isto obrigaria a largada a ser trasferida do centro de Milão para evitar que a prova tenha mais de 300 km.
Apesar de seu percurso plano e sua longa reta final, eventualmente alguns times de sprinters foram enganados de tempos em tempos por um determinado ataque nas últimas montanhas. Bons exemplos destes incluem a escapada de Laurent Jalabert e Maurizio Fondriest em 1995, quando mantiveram a distância até o final. Em 2003, Paolo Bettini venceu após atacar acompanhado de vários ciclistas sem serem alcançados e em 2006 Filippo Pozzato e Alessandro Ballan atacaram na última montanha e conseguiram manter-se distante. A prova mais rápida acontecida no percurso usual foi em 1990, quando Gianni Bugno finalizou a prova em 6h 25m e 06 segundos, com 4 segundos de vantagem para Rolf Golsz. Esta edição teve uma média de 45,8 km/h. A mais demorada aconteceu em 1910, quando, sob uma tempestade de neve, o vencedor demorou 12h 24m para concluir a prova.
Vencedores
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Edição | Ciclista | Equipe |
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1960 | ![]() | |
1961 | ![]() | |
1962 | ![]() | |
1963 | ![]() | |
1964 | ![]() | ![]() |
1965 | ![]() | |
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